terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Geografizando a Música...

... ou Musicalizando a Geografia? Não sei bem... A Geografia e a Música são tão indissociáveis quanto espaço e tempo, futebol e bola, Piu-piu e Frajola, etc...
O fato é que o querido Padeirinho, compositor da música Favela que ouviremos a seguir na voz de Tantinho da Mangueira, musicalizou a Geografia. Mais especificamente, narrou um processo de favelização! Um relato de quem vivenciou este processo, numa época de remoções de grandes comunidades e "higienizações" de centros urbanos, marginalizando (realocando para as margens da cidade) aqueles que não atendiam ao interesse do Estado, do dito progresso. Estas pessoas formaram grandes áreas ocupadas irregular e perigosamente, muitas vezes em vertentes instáveis de morros... formaram favelas!


Das favelas vieram meus ídolos e grande parte da cultura popular brasileira. Lá está o que entendo por riqueza! Lá está a força e a resistência de um povo desassistido pelo Estado! Eis a importância de se pensar e se trabalhar em sala de aula as causas e contribuições das favelas! Por isso indico este samba aos colegas professores de Geografia, para conhecimento e utilização em sala de aula como uma forma eficaz e agradável para sensibilizarmos, desconstruirmos preconceitos e valorizarmos a nossa cultura.

Tantinho da Mangueira, dono da voz que interpreta a música.
As imagens que escolhi para ilustrar o vídeo funcionam como uma linguagem não verbal, bem como a sua melodia, boa para sentirmos e compreendermos melhor tal processo. Nossos alunos aprendem muito imageticamente! Elas partem em preto e branco, tristes, de tempos difíceis da busca destas pessoas por uma área para simplesmente viver, obterem o mínimo de qualidade de vida. Com o decorrer do vídeo, as imagens ganham cor e mostram a favela de uma forma que não estamos acostumados a ver através da mídia, que comumente deprecia e mostra na maior parte das vezes somente seus problemas sociais.

O texto da música é facilmente relacionável com os cinco conceitos mais importantes da ciência geográfica: Espaço Geográfico, Paisagem, RegiãoTerritório e Lugar. Alguns, inclusive, são citados. É pura Geografia.

Usa a música! E depois me conta como! Seria uma alegria imensa saber que algum colega utilizou esta música em aula. Ainda mais se trabalhar com este vídeo! Conversemos, troquemos experiências!!!

Link para a letra da música: aqui!
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sexta-feira, 30 de novembro de 2012

TEDx Unisinos - Inovação na Educação

Alegria!

Hoje participei, como ouvinte, claro, do TED! Apesar de há muito tempo já acompanhar belas palestras pelo site, hoje assisti ao vivo. Esclarecendo para quem não conhece e vai clicar aqui para conhecer o site logo mais, o TED é uma organização que promove palestras com pensadores de determinados assuntos.
Eu, mais especificamente, participei do TEDx Unisinos que abordou o tema Inovação na Educação.
O evento foi muito bom em termos de organização; tudo muito bonito, todos os participantes confortáveis e bem amparados com o apoio de vááários voluntários, etc. Porém, ah porém, eu esperava mais das palestras que assisti; em termos de conteúdo, criatividade e novidades... na verdade, erro meu, que superestimei as palestras. Esperava que todas tivessem o toque de humor e a clareza do Sir Ken Robinson e as ideias e a criatividade do indiano Arvind Gupta.

Assisti a todas as palestras e em apenas uma eu me levantei para aplaudir. Eu e todos os outros ouvintes. Merecido reconhecimento do público ao matemático Gustavo Reis! Dentre tanta coisa interessante dita na palestra, cito uma que não define a linha de seu raciocínio, mas que todos os professores em formação, como eu, deveriam ouvir. Disse ele que "no Brasil, a gente tem que ser socialmente resistente se quiser ser professor". Exato! Pessoas que não resistem às involuntárias tentativas de desvalorização moral da categoria, abandonam seu sonho... 

Mas enfim, não quero me estender nem focar nas palestras. Elas poderão ser assistidas depois via internet. De repente eu comento elas, uma por uma... veremos. Também não quero criticar ao modelo do evento ou os critérios para escolha dos palestrantes. O que quero mesmo, é dizer que apesar de ter superestimado as palestras e ter algumas críticas às escolhas dos palestrantes, eu saí de lá feliz por alguns motivos. 

Um deles foi ver a presença do PIBID no evento, sendo o foco de duas palestras. Já não podemos falar de inovação na educação do Brasil atualmente, sem citar o programa.  Mas o mais motivante foi ver que estou no caminho certo. Nada do que fora tratado como novidade foi novidade pra mim. Mesmo assim aprendi muito, claro. Me inspirei, antes de mais nada. Vi que inovar na educação é, acima de tudo, achar um meio de obter sucesso no processo de aprendizagem. Simples assim. Foram nas ideias mais simples, nos materiais mais baratos, que vi os professores inovando e a transformação ocorrendo.

Que venha o próximo TEDx!
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sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Mini-Causo da Coluna Quebrada

Estava chegando em casa quando, sem querer, escutei a vizinha gritar ao celular:
- O QUÊÊ?

Eu, que não sou curioso, passei a prestar atenção no telefonema enquanto desacelerava o passo.
Ainda em choque a vizinha pergunta:
- QUEBROU A CO-LU-NA???

Chocado estava eu, agora.
Uma dor me correu da nuca ao cóccix. Cheguei a entortar. Coluna? Bah...
Pensei em me solidarizar com a vítima, mas antes disso a vizinha concluiu:

-É que se quebrou a coluna do carro, é perda total...

mahváhtiamerda!

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Dia do Professor

Enquanto isso, no Facebook...

Este é o 5º Dia do Professor que comemoro... 

E comemoro, de fato! É importante que se comemore esta data. Mas a folga que temos hoje serve também para pensarmos, refletirmos, sobre a importância do professor na vida das pessoas e assim seguirmos motivados em meio às dificuldades. Essas dificuldades só tornam a prática docente mais complexa, e é a COMPLEXIDADE o que mais me atrai no fazer pedagógico.

Assim, o que desejo neste Dia do Professor a todos os colegas é que transformemos cada pingo de complexidade em oceanos de motivação!
Alegria!!!

Esta é uma das imagens que compõem o descanso de tela do meu computador e
me remetem a bons momentos da carreira docente.

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

O Triste Causo da Árvore do IE

Caiu... Hoje parte do cenário no qual formei minha maior rede de amizades e onde vivi meus primeiros amores, caiu. A árvore em frente à escola que estudei a vida inteira, caiu.
Imagem Via Matheus Bertolo Damasceno
Caiu com ela a sombra que aproximava espacialmente os alunos enquanto as aulas não começavam, durante o recreio, ou no final das aulas. A sombra que propiciava abrigo àqueles que conviviam, trocavam, brincavam, amadureciam e aprendiam a vida em sociedade.

O quanto será que ela influenciou positivamente na aprendizagem de milhares de alunos? Pois os ruídos de carros, motos, caminhões e ambulâncias  que desgastam as vozes dos professores eram submissos ao canto dos pássaros que habitavam sua copa. O calor que leva a desconcentração nas aulas monótonas era disfarçado por sua presença nas janelas...


Caiu a possibilidade de um dia passar por aquela bela calçada de mãos dadas com meus filhos, a caminho da Redenção, e comentar: "aqui em baixo, nesta sombra, recuperando as aulas em janeiro por causa das greves, a gente tomava um 20 Litrão*! Ali eu fazia 'balãozinho' com os parceiros do futebol... E sabe esse velho tio do churros? Ele já vendia churros no meu tempo..."

A topofilia, relação sentimental que alguém estabelece com determinado lugar, ambiente, foi afetada... parte da minha história se mantinha viva, literalmente, naquele Guapuruvu. 
Estou ficando velho: um dos principais cenários da minha vida já não é mais como era...


Os tocos do Guapuruvú... via Júlio Rosa...



       Sábia, caiu sobre a grade que a reprimia...




            *20 litrão era um suco que fazíamos em um galão de 20 litros de água!

domingo, 5 de agosto de 2012

A estranha órbita da insônia...

Cinco da madrugada; nada do sono...

Cadê o sono que me motivara a ir pra casa há uma hora? É como se "algo" entrasse em órbita no momento em que fecho os olhos. O centro do meu pensamento exerce a força gravitacional que mantém esse algo atraído e em constante movimento, até que o sono venha. No seu momento de afélio, pareço flutuar sobre a cama. Fico leve, "mó barato", teto louco... No periélio isso passa; me acordo, mesmo sem abrir os olhos e cessar a órbita. Quase ouço um som emitido nesse rápido movimento do algo, no vácuo dos meus pensamentos.


Uma meditação. Ausência dos pensamentos, basicamente. Porém, algo potencialmente capaz de me manter acordado. Me despertou uma vontade louca de narrar o inenarrável, estimulada por sensações interessantes, mas que me atormentam em noites insones...

Saciei a vontade. A tendência é que o movimento de translação do algo cesse e eu durma. Xô, insônia.

Boa noite...

terça-feira, 31 de julho de 2012

O Samba no Aeroporto!

Depois de um grande Encontro Nacional de Geógrafos, era hora de voltar para a casa... uma segunda-feira de noite, esperando o voo atrasado no aeroporto de Congonhas, sob efeito do DPE - Depressão Pós Encontro.

Estava eu, meu pandeiro na mochila, meu querido Felipe Cabeludo Franco, a quem dedico esta postagem, e seu violão em suas mãos. O silêncio do aeroporto, por vezes interrompido por um "atenção senhores passageiros do voo 1278 com destino à bla bla bla...", pedia uma intervenção cultural!

Causamos.
Com Novos Baianos e Jorge Ben Jor, animamos o portão/gate 20. Quem convencionou o silêncio neste recinto? Foi-se o tempo em que somente engravatados esperavam os aviões ali. A "chinelagi" está ocupando estes espaços, e a sua arte, sua cultura, embelezam e contrastam-se com características de ambientes aeroportuários!

O tamborim deixado sobre o piso de mármore abriu mão de chorar para receber moedas simbólicas, representativas da satisfação do público que esperava seus voos atrasados. As moedas que somavam R$1,46 tinham muito mais valor do que os sanduíches de R$16,00 vendidos a alguns metros dali. As vozes que nos acompanharam abafaram os avisos de que "a aeronave já se encontra em solo". Os olhares surpresos deixaram as televisões de lado por alguns minutos...

Embarcamos... nem vi que o voo estava atrasado. Que momento!

terça-feira, 26 de junho de 2012

Amigos, Samba e Aniversário!

Postado no Facebook

Eu, olhando para a roda de samba do meu aniversário, pensando que era exatamente desta forma que eu gostaria que fosse!

Amigos que fiz em diferentes espaços e tempos, em diferentes contextos, ali, juntos.
Amigos que deixaram de fazer outras coisas, para fazer meu dia mais feliz.
Amigos de diferentes lugares, descobrindo amigos em comum.
Amigos que não se conheciam, se conhecendo.
Amigos que se conheciam, se reencontrando.

Tudo isto ao som daquele samba, que falava de amor e amizade, da alegria nas coisas mais simples da vida... e o que há de mais simples e alegre do que encontrar os amigos?
Assim sigo, rumo aos 23,  valorizando cada vez mais as amizades.
Que alegria! Muito obrigado, pessoal!

quarta-feira, 30 de maio de 2012

Influências geográficas do meio...

Enquanto isso, no Dia do Geógrafo - 29 de Maio...
Recebi, dentre algumas felicitações, uma que me chamou mais a atenção. Um tweet da @CervejaAcoriana que me fez pensar nas influências que sofremos e que nos levam a cursar Geografia. Me despertou uma vontade louca de compartilhar aqui com os queridos leitores. A @CervejaAcoriana me disse que Geografia era sua opção na infância, pois adorava olhar para um globo. Já pensou escolher o teu futuro por um objeto exposto ali, em cima do bidê ou pregado na parede?


A primeira influência: quem nos apresenta o mundo, em toda sua complexidade de suas relações. O professor de Geografia. Ele é o culpado pela maioria das escolhas pelo curso no momento da inscrição no vestibular. O bom professor, em qualquer área do conhecimento, será exemplo para seu aluno, que tenderá a seguir seus passos "E é quase impossível dizer quão mais voluntariamente imitamos aqueles a quem amamos", como disse Quintiliano. Os maus professores também podem nos estimular a seguir esta carreira - meu caso.

Porém, ah porém, existe também a influência que sofremos através das representações. Mapas, globos, Google Earth, previsão do tempo no Jornal Nacional, entre outros instrumentos representativos do nosso querido espaço geográfico. Isto é imensurável e normalmente intrínseco, subliminar... não sentimos e nem notamos esta influência, mas ela está aí. Ela vem escondida, em segundo plano, na aula, na televisão, internet...

Eu, por exemplo, tenho certeza que fui influenciado pelo Capitão Planeta! 
Imagina tu, caro leitor, criança, assistindo todos os dias a este desenho que era pura Geografia? O quão importante ele foi na formação do meu intelecto, inserindo doses diárias de Geografia pelos meus ouvidos e olhos?

Que influências tu sofreste para escolher este rumo que seguiste, querido leitor? Já parou pra pensar?

Dedicado à geógrafa mineira Jana Gomes, que curte o blog e ainda mostra para as amigas... hehe!

quarta-feira, 9 de maio de 2012

O "professor-pedreiro"...

Vejo meu caminho na docência como um muro que eu vou construindo...

Um muro sem o objetivo de separar; um muro que visa servir de apoio àqueles que têm dificuldade para ver o horizonte. Um auxílio para que, sozinhos, consigam escalá-lo, possam olhar mais longe e assim decidir os próximos passos. Quem sabe até erguendo outros muros mais adiante...

É como se eu acrescentasse tijolos neste muro a cada aula que eu desse. Sinto que há aulas que poucos tijolos são acimentados. Em compensação, noutras o muro ganha uma base sólida, que o manterá em pé, com tijolos de respeito, carinho, alegria, paciência... Sem frustração: tem aula que eu não consigo acrescentar sequer 1 tijolo. Surge aí uma oportunidade para refletir sobre a forma com que tentei colocá-lo lá e para valorizar a altura que ele já adquiriu até o momento.

Mas o que me leva a escrever isto, é a preocupação com este muro. Quantos outros professores-pedreiros estão nesta obra comigo?

Hoje saí da aula e me deparei com uma colega destruindo o muro a voadoras. Justamente num dia em que senti ter acrescido uma certa altura. Difícil saber o quanto perco com estes destruidores, pois não olho para o chão para ver o quanto tem de tijolo caído, e sim para cima, para onde almejo chegar com esta obra.

A esperança é que, com o passar do tempo, eu vá deixando o muro mais alto e forte, de modo que quando alguém derrubar parte dele, o restante será cada vez maior, até ele atingir uma altura em que se estabilize e torne-se inabalável.

quarta-feira, 25 de abril de 2012

Eu e minha aula...

"Ô sôr, por que parece que o senhor gosta de dar aula?"

Gaguejei durante infinitos segundos até conseguir lhe responder um sonoro e inconclusivo "não sei".
Ela deve pensar que vários professores não gostam de estar ali. Estão incomodados. Tristes. Na sala dos professores concluo o mesmo que ela, através das conversas.
Ela notou que eu gosto de dar aula. "Ele finge muito bem", ela deve pensar. Imagina! Eu até convenço ela! Mas o que mais me surpreende é a sensibilidade dos alunos, através de exemplos como este.

Um dia fui dar aula de tarde, depois de ter passado uma manhã inteira me despedindo de uma senhora muito especial, que morreu na cama, dormindo. Ela era avó da minha ex-namorada, mas já considerava minha terceira avó. Poderia ter cancelado a aula, alegando estar triste com a situação, mas não gostaria que os alunos tivessem pena de mim, muito menos que ficassem sem aula.

Não falei nada. Deixei os sentimentos do lado de fora da sala e dei meu melhor em aula! Mas não demorou 15 minutos para que me perguntassem: "Sôr, o que tu tem hoje? Tá bem?" Contei tudo o que havia acontecido.  Lamentaram, me confortaram, e assim a aula seguiu, tranquila e produtiva.

Desde então, sempre fui transparente, honesto e sincero com os meus alunos. Até porque eu reproduzo meus sentimentos, sem querer, não tem como escondê-los. Meus sentimentos me produzem e produzem o que eu faço. Se fiz bem, é porque estou bem. Eu, minha aula e meus sentimentos são coisas indissociáveis. Sou o que sinto e minha aula é reflexo do que sou, logo, de como me sinto.
Basta a presença de um professor desmotivado para que o problema no complexo processo de aprendizagem comece.


sexta-feira, 16 de março de 2012

Desproveniência de Beleza (parte 3)

Além do que o querido leitor pôde observar nas postagens Desproveniência de BelezaDesproveniência de Beleza (parte 2), relato hoje outras situações que acontecem com frequência na vida de um feio. Pessoas como esta que vos escreve, desprovidas de beleza, recebem apelidos, são comparadas "ao fulano, meu primo" e são comumente desenhadas pelos amigos.

Além dos apelidos carinhosos como Tutu, Tutis, etc, há quem me chame de Salsicha (do Scooby-Doo); por outro lado, já fui chamado também de Nicolas Cage (um pouco melhor) e Johnny Depp (justo). As pessoas insistem em perguntar: "tu não és irmão do Fulano?". Ou: "Nossa, tu és igual ao Ciclano" (Sôr Ednardo, por exemplo). Típico Feio Marcante.

Mas o pior ainda está por vir: a mania que as pessoas têm de desenhar-nos.
É como numa caricatura. O caricaturista ressalta determinadas partes do rosto da pessoa desenhada, deformando-a... No meu caso, não precisa se ressaltar nada, despertando a vontade das pessoas em me desenhar. Pode-se dizer que tenho um "rosto caricato".

É isto, nada do que reclamar. Embora sem muita saúde, pelo menos ainda sou confundido com indivíduos da minha espécie. Quando começarem a dizer: "olha, parece o cachorro da Fulana", aí ferrou. Beijo.


domingo, 8 de janeiro de 2012

Causo do Silêncio Absoluto

Costumo dizer que o silêncio na sala de aula não é bom sinal...
Uma aula que começa em silêncio absoluto e assim permanece até o término do período não instigou os alunos. Este professor não os desestabilizou, não os retirou de suas zonas de conforto, não despertou curiosidade. Uma aula expositiva, não comunicativa; uma tentativa de transferir conhecimento e não de construí-lo. Por isso procuro manter a comunicação nas minhas aulas, com poucos, mas precisos, momentos de silêncio.

Sabendo disto, querido leitor, te conto agora o Causo do Silêncio Absoluto. Um momento que marcou minha vida docente até aqui. Segundos que provocaram muitos minutos de reflexão acerca do ocorrido. O causo se passa no final da aula, em um momento de conversação com os alunos.

Conversávamos sobre a vida de professor. Por que eu inventei essa história de ser professor, queriam saber. Nas pequenas cabeças pensantes, eu era um cara novo, querido, diferente de muitos professores que trabalham naquela escola. Ainda estava em tempo de procurar algo melhor para fazer, não havia porquê aturar tantas crianças chatas, como se autointitularam. Expliquei... disse o que me fazia feliz neste trabalho. Mostrei o lado bom, e só este, da vida de um professor.

Ainda assim, crente de que estaria convencendo vários a seguirem meus passos, ao final da conversa perguntei: "Alguém aí gostaria de ser professor quando crescer?".
Silêncio absoluto. De repente consegui um silêncio que nunca conseguiria se pedisse, gritasse ou implorasse. Sequer os passarinhos que cantaram durante toda a tarde se manifestaram. Nenhum corpo capaz de produzir som, o fez durante aqueles segundos. Eram só trocas de olhares, esperando alguém se arriscar a responder que sim.


Não contive a decepção. Conheciam a dura vida de professor brasileiro. Meus traços faciais foram bem interpretados e provocaram uma comoção seguida de sorrisos quebradores de gelo.
Bateu. Estão liberados.