domingo, 8 de janeiro de 2012

Causo do Silêncio Absoluto

Costumo dizer que o silêncio na sala de aula não é bom sinal...
Uma aula que começa em silêncio absoluto e assim permanece até o término do período não instigou os alunos. Este professor não os desestabilizou, não os retirou de suas zonas de conforto, não despertou curiosidade. Uma aula expositiva, não comunicativa; uma tentativa de transferir conhecimento e não de construí-lo. Por isso procuro manter a comunicação nas minhas aulas, com poucos, mas precisos, momentos de silêncio.

Sabendo disto, querido leitor, te conto agora o Causo do Silêncio Absoluto. Um momento que marcou minha vida docente até aqui. Segundos que provocaram muitos minutos de reflexão acerca do ocorrido. O causo se passa no final da aula, em um momento de conversação com os alunos.

Conversávamos sobre a vida de professor. Por que eu inventei essa história de ser professor, queriam saber. Nas pequenas cabeças pensantes, eu era um cara novo, querido, diferente de muitos professores que trabalham naquela escola. Ainda estava em tempo de procurar algo melhor para fazer, não havia porquê aturar tantas crianças chatas, como se autointitularam. Expliquei... disse o que me fazia feliz neste trabalho. Mostrei o lado bom, e só este, da vida de um professor.

Ainda assim, crente de que estaria convencendo vários a seguirem meus passos, ao final da conversa perguntei: "Alguém aí gostaria de ser professor quando crescer?".
Silêncio absoluto. De repente consegui um silêncio que nunca conseguiria se pedisse, gritasse ou implorasse. Sequer os passarinhos que cantaram durante toda a tarde se manifestaram. Nenhum corpo capaz de produzir som, o fez durante aqueles segundos. Eram só trocas de olhares, esperando alguém se arriscar a responder que sim.


Não contive a decepção. Conheciam a dura vida de professor brasileiro. Meus traços faciais foram bem interpretados e provocaram uma comoção seguida de sorrisos quebradores de gelo.
Bateu. Estão liberados.

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