sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

Morando sozinho, vivendo de potinho...

Hoje, há um mês morando sozinho, aconteceu algo que preciso compartilhar com vocês três, queridos leitores. Uma situação que reflete exatamente o que é morar sozinho. É o retrato da mudança de papel que exercemos em relação a casa: a saída do papel Filho que “ajuda” a mãe em casa, como se isso fosse generosidade, para a entrada do papel Dono de Casa, que tem a sua sobrevivência em suas mãos (e não mães).

O causo se sucedeu-se no horário do almoço, enquanto eu garimpava algo para comer. Porque preparar uma comida é uma ação cheia de implicidades, como a de que houve previamente a compra e armazenamento correto de ingredientes, lembrança de uma receita e aplicação de conhecimentos gastronômicos prévios. 

No caso de alguém que recém se tornou um morador-sozinho, está implícito que o vivente foi na casa de alguém, comeu um boca-livre e levou um potinho (sempre no diminutivo) com uma “sobra de comida” (que eu chamo de “vida”) para casa.

Explorando, então, os potinhos da geladeira e freezer, encontrei um saudoso pote de sorvete. Lindão! Branco com tampa vermelha. Com aquela cara de que estava escondendo um feijão (hummmm) que acompanharia um arroz (que faço muito bem) e possíveis acompanhamentos (ovo frito/batata palha). Porque na casa da mãe é assim: o filho chega sedento por um sorvete no freezer e, quando abre o pote, lá está um decepcionante feijão.

Mas na nossa própria casa é diferente. O raciocínio é inverso. Então abri o pote de sorvete e me deparei com, pasmem, sorvete. Sorvete de flocos, com sabor de frustração. Segui no garimpo, estilo Survivorman, em busca da sobrevivência, em meio ao nevoeiro daquele ambiente inóspito que é o freezer...