quarta-feira, 29 de abril de 2015

A Dialética do Centrão

Eu, que estava quase me acostumando a morar longe de tudo depois de 15 anos vivendo no alto da Protásio Alves, em Porto Alegre, agora estou me adaptando às características espaciais do centro da cidade. A urbanização intensa parece inverter a lógica natural das coisas. Parece óbvio, mas tem impressões que só quem vive aqui consegue perceber.

O centrão é super verticalizado, e parece ainda mais alto quando visto da minha janela, no térreo do prédio. Os edifícios parecem convergir lá no alto, numa tentativa de impedir os raios ultraviolentos do Sol de atingirem o solo. O pedaço de céu que vejo nem é suficiente para eu tirar conclusões acerca das condições meteorológicas. Algumas vezes saí todo de preto em dias super ensolarados. Noutras saí de manga curta e voltei resfriado.

O apê é interessante. De dia tenho que acender as luzes, pois a iluminação natural que chega aqui (refletida pelo edifício ao lado) é escassa. De noite é tranquilo. Posso andar com as luzes apagadas, pois recebo a iluminação artificial da vizinhança.

Seguindo a lógica inversa do que a natureza sugere, aqui é bem silencioso durante o dia. A vizinhança está trabalhando fora... de noite estão todos de volta, aí kabô-silêncio. 

A circulação eólica tinha tudo para ser interrompida pelas torres, no entanto o vento aqui afunila (nunca tinha escrito isso) e invade os quartos rapidamente, fruto da diferença de pressão atmosférica em relação ao Lago Guaíba. Para complementar a falta de lógica: o Guaíba é conhecido aqui na vizinhança por Rio. 

Mas no meio desse monte de contrastes com os quais tenho convivido, o que mais me satisfaz é a possibilidade de sair do centrão densamente urbanizado e chegar, após uma quadra de caminhada, nesse pôr do Sol... Ahh... =)

Instagram: @artureka

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