quarta-feira, 19 de setembro de 2012

O Triste Causo da Árvore do IE

Caiu... Hoje parte do cenário no qual formei minha maior rede de amizades e onde vivi meus primeiros amores, caiu. A árvore em frente à escola que estudei a vida inteira, caiu.
Imagem Via Matheus Bertolo Damasceno
Caiu com ela a sombra que aproximava espacialmente os alunos enquanto as aulas não começavam, durante o recreio, ou no final das aulas. A sombra que propiciava abrigo àqueles que conviviam, trocavam, brincavam, amadureciam e aprendiam a vida em sociedade.

O quanto será que ela influenciou positivamente na aprendizagem de milhares de alunos? Pois os ruídos de carros, motos, caminhões e ambulâncias  que desgastam as vozes dos professores eram submissos ao canto dos pássaros que habitavam sua copa. O calor que leva a desconcentração nas aulas monótonas era disfarçado por sua presença nas janelas...


Caiu a possibilidade de um dia passar por aquela bela calçada de mãos dadas com meus filhos, a caminho da Redenção, e comentar: "aqui em baixo, nesta sombra, recuperando as aulas em janeiro por causa das greves, a gente tomava um 20 Litrão*! Ali eu fazia 'balãozinho' com os parceiros do futebol... E sabe esse velho tio do churros? Ele já vendia churros no meu tempo..."

A topofilia, relação sentimental que alguém estabelece com determinado lugar, ambiente, foi afetada... parte da minha história se mantinha viva, literalmente, naquele Guapuruvu. 
Estou ficando velho: um dos principais cenários da minha vida já não é mais como era...


Os tocos do Guapuruvú... via Júlio Rosa...



       Sábia, caiu sobre a grade que a reprimia...




            *20 litrão era um suco que fazíamos em um galão de 20 litros de água!